Recebendo os Alimentos com Ações de Graça – João Calvino

“E Jesus tomou os pães e, havendo dado graças, repartiu-os pelos discípulos, e os discípulos pelos que estavam assentados; e igualmente também dos peixes, quanto eles queriam. ”
João 6:11

Cristo, mediante seu exemplo, mais do que por meio de seu ensino, nos diz que sempre que assentarmos à mesa para a refeição devemos começar com oração. Pois aquelas coisas que Deus designou para nosso uso, sendo evidências de sua infinita benevolência e amor paternal para conosco, nos convoca a oferecer-lhe louvores. Ações de graças, como Paulo nos informa, é um tipo de santificação solene, por meio da qual o uso delas começa a ser puro para nós:

“Porque toda a criatura de Deus é boa, e não há nada que rejeitar, sendo recebido com ações de graças.”
1 Timóteo 4.4

Daí se segue que, aqueles que as deglutem sem pensar em Deus são culpados de sacrilégio e de profanar os dons de Deus. E esta instrução é a mais digna de atenção, porque diariamente vemos uma grande parte do mundo alimentando-se como bestas selvagens. Quando Cristo determinou que o pão dado aos discípulos se multiplicasse em suas mãos, instrui-nos que Deus abençoa nosso labor quando somos serviçais uns aos outros.

Sumariemos agora o significado de todo o milagre. Ele tem isto em comum com os demais milagres: que Cristo exibiu nele seu divino poder em união com a beneficência. É-nos também uma confirmação daquela afirmação por meio da qual ele nos exorta a buscar o reino de Deus, prometendo que todas as coisas nos serão acrescentadas [Mt 6.33]. Pois se Ele cuida dos que foram conduzidos a Ele, movido por um súbito impulso, como Ele nos abandonará se o buscarmos com um propósito inabalável e convicto? Aliás, é verdade que às vezes Ele permitirá que seu próprio povo, como já dissemos, sofra fome, porém jamais os privará de seu auxílio. E, enquanto isso, ele tem boas razões para não nos assistir até que a situação chegue a um extremo.

Além disso, Cristo claramente mostrou que não só outorga ao mundo vida espiritual, mas que seu Pai lhe ordenou também a nutrir o corpo. Pois confia-se às suas mãos a abundância de todas as bênçãos, para que, como um canal, Ele possa no-las comunicar, ainda que eu fale incorretamente, chamando-o de um canal, porquanto Ele é, antes de tudo, a fonte viva que emana do Pai eterno. Consequentemente, Paulo ora para que todas as bênçãos nos emanem, em comum, de Deus o Pai e do Senhor Jesus Cristo [1 Co 1.3]. E, em outra passagem, Ele mostra que em todas as coisas devemos dar graças a Deus o Pai, por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo [Ef 5.20]. E este ofício não só pertence a sua eterna Deidade, mas inclusive em sua natureza humana, e até onde Ele assumiu em si nossa carne, o Pai o designou para ser o despenseiro, para que, por sua mão, pudesse nos alimentar. Ora, ainda que a cada dia nenhum milagre vemos diante de nossos olhos, todavia não menos sobejamente Deus exibe seu poder em nos alimentar. E de fato não lemos que, quando queria dar uma ceia a seu povo, Ele usava algum novo meio. Por isso seria uma oração inconsiderada se alguém pedisse que lhe fossem dadas comida e bebida através de um método inusitado.

Repetindo, Cristo não providenciou ricas iguarias para o povo, mas aqueles que presenciaram seu espantoso poder exibido naquela ceia foram impelidos a descansar satisfeitos com pão de cevada e peixe sem molho. E embora Ele não continua a satisfazer cinco mil homens com cinco pães, não obstante Ele não cessa de alimentar o mundo inteiro de uma maneira prodigiosa. E, sem dúvida, soa-nos como um paradoxo que o homem viva não só de pão, mas de toda palavra que procede da boca de Deus [Dt 8.3]. Pois estamos tão fortemente jungidos aos meios externos, que nada é mais difícil do que depender da providência de Deus. Daí suceder de tremermos tanto assim que percebemos não termos pão nas mãos. E se considerarmos corretamente cada coisa, nos veremos compelidos a discernir a bênção de Deus em todas as criaturas que são utilizadas como nosso sustento corporal. Mas o uso e a frequência nos levam a subestimar os milagres da natureza. E, no entanto, neste aspecto, não é tanto nossa estupidez como nossa malignidade que nos cria obstáculos, pois onde se acharia o homem que não prefira divagar em sua mente e a percorrer céu e terra centenas de vezes antes de buscar o Deus que se apresenta diante de seus olhos?

Uma admoestação quanto ao uso da língua – Matthew Henry

Se nada de bom pode ser falado, em vez de falar mal desnecessariamente, fique em silêncio. Nunca devemos ter prazer em falar mal de outros, nem buscar o pior de alguma situação, mas, sim, fazer o melhor que pudermos. Não devemos subir e descer pelas ruas como os mexeriqueiros, levando histórias malvadas, para prejudicar o bom nome do nosso próximo e a destruição do amor fraternal. Informações falsas ou insinuações de más intenções, ou de hipocrisia, de coisas fora do nosso alcance ou conhecimento – tudo isso está debaixo dessa proibição. Infelizmente esse mal é bastante comum, e, portanto, bastante nocivo.

“Se alguém entre vós cuida ser religioso, e não refreia a sua língua, antes engana o seu coração, a religião desse é vã.”
Tiago 1:26

Esse tipo de conversa solta e não generosa é desagradável a Deus e danosa para as pessoas. “Aquele que encobre a transgressão busca a amizade (isto é, para si mesmo pela sua ternura e caridade, ou, então, para o transgressor), mas o que revolve o assunto (que proclama as faltas de outro) separa os maiores amigos” (Provérbios 17.9). Essa pessoa levanta dissensões e afasta seu amigo de si mesmo e talvez de outros. Este está entre os pecados que precisam ser tirados [do nosso meio] (Efésios 4.31); porque, se for tolerado, ele é impróprio para a comunhão cristã aqui e para a sociedade dos abençoados no céu (1 Coríntios 6.10).

Toda a amargura, e ira, e cólera, e gritaria, e blasfêmia e toda a malícia sejam tiradas dentre vós,
Efésios 4:31

Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus.
1 Coríntios 6:10

Um uso sóbrio dos prazeres e dos sentidos – Matthew Henry

Achaste mel? come só o que te basta; para que porventura não te fartes dele, e o venhas a vomitar. Comer mel demais não é bom;
Provérbios 25:16, 27

Achaste mel? Não é fruto proibido para ti, como foi para Jônatas; podes comê-lo, agradecendo a Deus que, tendo criado coisas agradáveis aos nossos sentidos, nos deu permissão para fazer uso delas. Como o que te basta, e não mais do que isto. Comer o suficiente é tão bom como um banquete. Continue lendo “Um uso sóbrio dos prazeres e dos sentidos – Matthew Henry”

Porque há neste vídeo trechos de pregações, a nota abaixo se faz necessária:

A publicação deste documentário não significa que, necessariamente, aprovamos tudo aquilo que é ensinado pelo ministério de tais homens, pois, acreditamos que apenas devemos recomendar integralmente o ministério de um oficial da igreja caso este subscreva e submeta-se aos seis termos de comunhão que seguem:

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A Lei de Deus – G. I. Williamson

CAPÍTULO XIX
DA LEI DE DEUS

  1. Deus deu a Adão uma lei como um pacto de obras pela qual Deus o obrigou, bem como toda sua posteridade, a uma obediência pessoal, inteira, exata e perpétua; prometeu-lhe a vida sob a condição dele cumprir com a lei e o ameaçou com a morte no caso dele violá-la; e dotou-o com o poder e capacidade de guardá-la.
    (Gn 1:26,27 com Gn 2:17; Rm 2:14,15; Rm 10:5; Rm 5:12,19; Gl 3:10,12; Ec 7:29; Jó 28:28) 
  2. Essa lei, depois da queda, continuou a ser uma perfeita regra de justiça, e como tal, foi por Deus entregue no Monte Sinai em dez mandamentos e escrita em duas tábuas (Tg 1:25; Tg 2:8,10-12; Rm 13:8,9; Dt 5:32; Dt 10:4; Ex 34:1). Os primeiros quatro mandamentos ensinam os nossos deveres para com Deus e os outros seis os nossos deveres para com o homem (Mt 22:37-40).

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Qual a relação entre o crente e o cinema? | Por Johannes Geerhardus Vos

Qual deve ser a atitude do crente para com o cinema?

Obviamente o crente em Cristo precisa assumir uma posição séria e consciente sobre o cinema, assim como para com todas as questões éticas. Não há dúvida que muitos, senão a maioria, dos filmes comerciais de hoje tem efeito maléfico, especialmente nos jovens. Por essa causa é que muitos crentes dedicados acham que não devem mais ir ao cinema definitivamente. Por ter sido tomada conscientemente e por ser uma questão de dever cristão e de consagração a Deus, essa decisão, é claro, deve ser respeitada por todos os crentes, até mesmo pelos que não concordam totalmente com ela. Por outro lado, muitos dos que professam o cristianismo parecem não sentir a consciência incomodar seja qual for o filme, mas assistem a qualquer “espetáculo” sempre que têm vontade. Continue lendo “Qual a relação entre o crente e o cinema? | Por Johannes Geerhardus Vos”

“Livre Estou?” – Uma análise do filme Frozen

Quando o filme Frozen foi lançado houve um grande alvoroço! O mais novo filme de princesas logo se tornou o maior sucesso da Disney dos últimos tempos. Crianças se apaixonaram pela princesa Elsa e decoraram as músicas do filme em poucos minutos! “Let it Go” a versão original da música “Livre Estou” ficou entre os 10 hits mais vendidos do iTunes por meses e chegou a ganhar o Oscar de melhor música em 2014. Continue lendo ““Livre Estou?” – Uma análise do filme Frozen”

“Enrolando Nossos Filhos”. Uma análise do filme “Enrolados”

Da mesma forma que fizemos na resenha de Frozen, desejamos apontar alguns aspectos de Enrolados que devem ser considerados.

Enrolados é um desenho que, em princípio, trata da libertação de uma princesa e de uma história de amor, cheio de momentos emocionantes que mascaram ensinamentos perniciosos! Gostaria de traçar um pequeno e despretensioso perfil dos personagens, para que você analise comigo. Continue lendo ““Enrolando Nossos Filhos”. Uma análise do filme “Enrolados””

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